Friday, July 1, 2011

Breakfast at Gabriel's/ Café da manhã com Gabriel


6:45 AM.
The sun creeps through the cracks in the curtain... and two tiny feet creep slowly up my back.

I squeeze my eyelids tightly shut. Maybe he’ll be content to kick me for a while, so I can get a few more minutes of precious rest.

But no such luck. He senses I’m already stirring and climbs over me to give me his usual morning greeting:

“Up-up-up…I want… puncainks.”
“Good Morning,” I utter back through a sleepy smile.

 He doesn’t answer. So I repeat it,two or three times.

Again, silence; but I can see a mischievous grin barely forming across his heart-shaped lips while he stares at the patterns on our quilt.  He knows what he’s supposed to say.
Good Morning”, I say again a little more firmly, letting him know I expect a reply.

“Gudmurneen,” he finally mumbles impatiently as he attempts to haul me from the mattress. “Up-up- up!”
He finally succeeds and leads me by the hand into the kitchen; his favorite room.  He guides my hand toward the pan that rests drying on the counter….the one he knows will eventually reunite him with his beloved banana pancakes.

He reaches up to be lifted onto the counter so he can watch me as I cook. I can tell he knows each step by heart, though he keeps it to himself. Intently, without blinking, he observes as I collect the required ingredients.  I begin peeling the banana and he flutters his fingers with excitement.  Those delicious circles are on the way!
“Mommy’s mashing!” I tell him, as I reduce the fruit to slimy goo with a fork.

“Musheen” he repeats, eyeing the eggs, then me. They’re next, he tells me with his eyes. 

And on we go through our morning ritual. I try to tell him what I’m doing, step by step, as I prepare his favorite breakfast.  I try to saturate his world with language, because even though he doesn’t say much, I know he is taking in everything he sees and hears. He is making connections between the things he loves and the words that symbolize them…little by little, demystifying this world that confuses him.
After he eats a plateful, he picks up his plate and fork and points them in my direction.

“I wanmore…puncainks,” he blurts.
I fill his plate up again. “Here you go. More pancakes!”

As I watch him enjoy his second helping, I stand counting my blessings that he has gotten this far. That he can tell me the things that he wants, at least the most important things. I know there are mothers out there who have it harder. Mothers that will never hear their child speak a single word.  Mothers who get slapped or bitten fifty times a day and yet still find the energy to love and care for their children.
But somehow, I want more...
And guilt washes over me in waves, because I know I already have so much.

But I do want more. We always want more. We want to know how their day was at school. We want to know why Cookie Monster is so much better than Big Bird. We want long conversations about dreams and what they want to be when they grow up; and have it change every week. We want to be asked “Why?” a million times a day. We want to see fights with other kids on the playground over toys.  Yes, as crazy as that sounds, we want that too.
Strangely enough, the things that understandably cause headaches for typical parents, are like gold dropping from heaven for us. Because it means that our child is experiencing some normality, even if only for a teensy moment. The first time my son said “No!” to me, I was simply ecstatic. I was walking on clouds. Sounds ludicrous, I know. What parent wants to be told No? To be defied? Me, me, me…I do, I do!!!  Because it meant that my son was starting to develop his own ego and spirit. Rebellion is a crucial part of growing up, no matter how much it frustrates parents.


I notice Gabriel has finished his last plate of pancakes. He’s now pecking at the little crumbs that have been left behind, making sure not to waste one tiny morsel.

“All done?”  I ask, making the ASL sign with my hands.
He doesn’t answer.  So I repeat it, two or three times.

Again, silence. Again, he knows what he’s supposed to say.

"All done,?” I ask again, kneeling so that he can see my face better.

“Awwdun” he finally repeats.

Tomorrow, we’ll have pancakes again.








6:45 da manhã.

O sol aparece através das brechas da cortina... e dois pezinhos tocam minhas costas.

Eu fecho os olhos com força. Talvez ele se contente em me dar chutinhos por um tempo, para que eu possa ter mais alguns minutos de precioso descanso.

Mas não tenho tanta sorte. Ele percebe que eu já estou me mexendo e trepa em cima de mim para me dar sua saudação matinal:

"Levanta, levanta, levanta... eu quero... panquecas".

"Bom dia", eu digo por trás de um sorriso sonolento.

Ele não responde. Então eu repito, duas ou três vezes.

Novamente o silêncio; mas eu posso ver um sorriso maroto formando em seu lábios, que tem um formato de coração, enquanto ele olha para os desenhos da nossa colcha. Ele sabe o que ele deveria dizer.

"BOM DIA", eu digo outra vez, com um pouco mais de firmeza, para que ele perceba que eu espero uma resposta.

"Bummdiaaa", ele finalmente resmunga, impacientemente, enquanto ele tenta puxar-me do colchão. "Levanta, levanta, levanta!"

Ele finalmente consegue o que quer e me leva pela mão até a cozinha, seu cômodo favorito. Ele guia a minha mão para a frigideira que repousa secando sobre a pia.... Àquela que ele sabe que terminará por reunir-lo com suas amadas panquecas de banana.

Ele ergue os bracinhos pedindo para que eu o levantade à pia, para que ele possa observar enquanto eu cozinho. Posso perceber que ele conhece cada passo de cor, embora não diga nada. Atentamente, sem piscar, ele observa enquanto eu pego os ingredientes necessários. Eu começo a descascar a banana e ele meche as mãos com entusiasmo. Aquelas delícias estão à caminho!

"Mamãe está amassando!" Eu digo à ele, enquanto eu reduzo a fruta à uma pasta viscosa com um garfo.

"Massando", ele repete, olhando para os ovos, depois para mim. Eles são os próximos, me diz, com seu olhar.

E seguimos com nosso ritual matutino. Eu tento dizer a ele o que estou fazendo, passo a passo, enquanto preparo seu café da manhã favorito. Eu tento saturar seu mundo com linguagem, porque mesmo que ele não fale muito, eu sei que ele está absorvendo tudo o que vê e ouve. Ele está fazendo conexões entre as coisas que ele ama e as palavras que as simbolizam... pouco à pouco, desmistificando este mundo que o confunde.

Depois de comer um prato cheio, ele pega seu pratinho e garfinho e apontá-os em minha direção.

"Eu quero mais... panquecas", ele exclama.

Eu encho o prato dele de novo. "Aqui vai. Mais panquecas! "

Enquanto eu o assisto desfrutando de seu segundo prato, eu fico aquí contando minhas bênçãos, de que ele tenha chegado tão longe. Que ele consegue me dizer as coisas que ele quer, pelo menos as coisas mais importantes para ele. Eu sei que há mães por aí que passam mais dificuldades. Mães que nunca ouvem seu filho dizer uma única palavra. Mães que levam tapas e mordidas cinqüenta vezes por dia, mas que ainda assim encontram energia para amar e cuidar de seus filhos.

Mas de alguma forma, eu quero mais...

E o sentimento de culpa bate forte, porque eu sei que já conseguí tanto.

Mas eu quero mais, sim. Nós sempre queremos mais. Queremos saber como foi seu dia na escola. Queremos saber porque, na Vila Sésamo, o Come-Come é tão melhor do que o Garibaldo. Queremos longas conversas sobre seus sonhos e o que eles querem ser quando crescerem; e vê-los mudar de idéia a cada semana. Queremos que nos perguntem "Por quê?" um milhão de vezes por dia. Queremos ver eles brigarem com outras crianças no parquinho por causa dos brinquedos. Sim, por mais louco que isso possa parecer, nós queremos isso também.

Curiosamente, coisas que compreensivelmente causam dores de cabeça para pais de crianças típicas, são como chuviscos de ouro para nós. Porque significam que nosso filho está passando por normalidade, mesmo que apenas por um pequeno momento. A primeira vez que meu filho disse "não!" pra mim, me deixou em pleno êxtase. Eu me sentí nas nuvens. Soa ridículo, eu sei. Que pai gosta de ouvir um “não”? De ser desafiado? EU, EU, EU... EU GOSTO, EU GOSTO! Porque esse momento significou que meu filho estava começando a desenvolver seu próprio ego e espírito. Rebeldia é uma parte crucial do desenvolvimento psicológico, não importa o quanto frustre aos pais.

Percebo que Gabriel terminou seu último prato de panquecas. Ele agora está beliscando às migalhinhas que ficaram para trás, certificando-se de não desperdiça nem um pedacinho.

"Terminado?" Eu pergunto, fazendo um sinal com as mãos.
Ele não responde. Então eu repito, duas ou três vezes.

Mais uma vez, silêncio. Novamente, ele sabe o que ele deveria dizer.

"Terminado?" Pergunto de novo, ajoelhando, para que ele possa ver o meu rosto melhor.

"Terminadooo", ele finalmente repete.

Amanhã, comeremos panquecas de novo.

6 comments:

Chris Lindona said...

rsrs Como sempre, a titia boba aqui lê, enquanto as lágrimas escorrem pelo rosto!! Esse texto ficou mesmo muito lindo!! Lembrei novamente da minha estadia aí, e da paixão do Biel pela panquecas!! Pensei que, nem ao menos tive a curiosidade de provar as "famosas panquecas" da mamãe Monique! rs Mas, da próxima vez elas não me escapam!! rsrs E senti dor no ♥, cheia de culpa, por ficar tão irritada qdo a Gigi começa um falatório sem fim (que chega a me doer a cabeça! rs), enquanto vcs comemoram cada palavra do Gabriel!! Bom pra perceber que tô precisando mais vezes: "Give it up 4 Giovanna" ao invés de tanto brigar com ela!! :(
E VIVAAAAAAAAA GABRIEEEEEEELLLL!!!
Hoje vimos as fotos novas dele, e achamos até que ele já ganhou mais peso!! rsrs Está lindooooooo!!!
Eu e vovó Ana ficamos, como sempre, babando aqui!!! rsrs
bjoosss... AMAMOS VOCÊS!! ♥♥♥

Sally Rees said...

Hi Monique
As from today I'm following your blog. I know of a woman in USA who may be able to give you some help with your son. Her name is Becky Blake - not sure where she is. SHe also has some Youtube clips so you could try that way too.

Last night I heard a comment on our TV that Austism is caused by immunisation. Not sure if that info is helpful or not, but passing it on.
All the best
Sally
www.followyourstar.co.nz

Profª Ines Chiarelli Dias said...

Fico feliz cada vez que leio, suas postagens,cada vez amo mais a Deus, em ver as maravilhas que Ele faz, e como Ele faz. Tenham certeza que p propósito de Deus na vida de voces é enorme. Amo voces, bjs tia Ines

monique said...

I thank everyone for your comments!
Sally, welcome to the blog! and thank you for the information and references. I will look into Ms. Blake's videos.
Ines,
Estou tão feliz que você decidiu fazer parte do blog. Muito obrigada pelas suas palavras de apoio e amor...
Chrissie,
Você não tem que sentir culpa. Somos todos humanos e todos nós tomamos coisas por concedido. Eu também ... e esse foi realmente o ponto do post. Há sempre alguém que tem menos que nós, ou mais do que nós ... o objetivo é aprender a viver em harmonia com o que nos é dado. Todos nós falhamos, às vezes. Você é uma boa mãe .. cheia de amor, carinho e boas intenções para sua filha.

Carla said...

Monique quero comer suas panquecas !! de banana !! amei o cafe da manha de vcs !! eu escrevi outros comentarios mas nao ficaram gravados ..... pq será ? bom bjao p Biel e torço muito por vcs !!

monique said...

Oi Carla!
Todos seus commentarios ficaram gravados sim! ;) Eu já li todos eles. Muito obrigada por sua participação no blog. Estou feliz por ter você e o resto da família como uma parte de nossas vidas, apesar da distância entre nós.
Um milhão de abraços e beijos!